quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Não quero dar adeus ao Cine Paissandu...

por Ana Maria Chagas

Hoje de manhã recebi a ligação da amiga Magali Almeida e quando comecei a dar os parabéns pelo seu aniversário, ouvi a voz mais decepcionada do mundo:
- Ana, vão fechar o Paissandu! Como é que deixam isso acontecer?

O Cine Paissandu fica no bairro do Flamengo, RJ, onde Magali esteve presente na primeira sessão de apresentação do filme Casablanca que assistiu suspirando por Humphrey Bogart.

Foi tão triste quanto receber a notícia da morte de um parente. Juro.
Não quis acreditar.

Busquei a notícia no Google e encontrei a reportagem “A Última Sessão do Estação Paissandu” de Eduardo Fradkin (O Globo - 24/08/2008 05:00:09) dizendo que após 48 anos de existência fechará no dia 31 de agosto “(...) o cinema que formou, nos anos 1960, a Geração Paissandu, rótulo que agrupava jovens cinéfilos e intelectuais de esquerda incapazes de perder os longas de Jean-Luc Godard, Louis Malle, Michelangelo Antonioni, François Truffaut e outros cineastas autorais”.

Viram só? Sabe aquele tempo em que os jovens era mais antenados com os acontecimentos políticos e econômicos do país? Onde eles se reuniam? Cine Paissandu!

E daí se hoje a nova geração prefere o shopping?
Ah! Se eu pudesse ensinar aos jovens o quanto um filme de Truffaut, Kieslowski e tantos outros agregam para a formação do nosso pensamento crítico, nossa personalidade e da importância do “ser” em detrimento do “ter” tão valorizados nos enlatados americanos!

Eu que sempre me senti uma “excluída cultural” por não ter acesso à filmes estrangeiros e aos chamados “filmes alternativos” nos cinemas da Zona Norte do RJ, agora nem mesmo na Zona Sul.
E o que vão construir naquele terreno? Já não temos supermercados e igrejas demais?
Nada contra, mas além do pão para corpo e espírito, a população precisa de alimento para o raciocínio, para as novas experiências, cultura enfim.

Não quero dar adeus o Cine Paissandu.
Quero me encher de esperança de que no exato último instante - como nos filmes mais emocionantes da história – apareça a cavalaria chamada “patrocínio” e salve este maravilhoso patrimônio carioca.

Ah! Não resisto! Vou fazer um apelo:

"Empresários: uni-vos! Será que não existe nenhum empresário cinéfilo que possa ajudar na preservação e continuidade do nosso Cine Paissandu?"

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