sexta-feira, 27 de junho de 2008

Do parto até partir

por Ana Maria Chagas

A primeira emoção está no papel timbrado do laboratório: "Positivo". A segunda, ao ouvir, pela primeira vez, as batidas aceleradas do pequeno coraçãozinho. E vamos acompanhando a gestação de nossos bebês, ansiosas pra saber logo se é menino ou menina.

Pedimos exames de ultrasonografia constantes ao médico pra mostrar a todos que já amamos aquele serzinho em formação, mesmo quando ainda não se consegue identificar nada parecido com um bebê naquela foto obscura.
E esse amor cresce, junto com as mãozinhas, pezinhos e o sexo que ele não mostra de jeito nenhum, só pra nos deixar mais curiosos.

Notamos também, aquele cordão preso ao umbigo, mas nem demonstramos tanto interesse naquele tubinho pequeno que alimenta e transfere tanta energia para o bebê.

Eu mesma, durante toda a gravidez, só recebi três informações básicas: que é cortado na hora do nascimento; que essa é a única coisa que o pai tem permissão de fazer, se não desmaiou até este momento e que, poucas horas antes de nascer, meu filho havia se enrolado nele.

Mas hoje, conhecendo o menino bem melhor, tenho pra mim que tentou saber se na ponta daquele fio havia um joystick e um vídeo game e acabou por envolvê-lo no próprio pescoço, na ansiedade de procurar pelos dois.

De qualquer forma não foi nada doloroso o corte deste cordão. Não vi, não senti e, nem dei a menor importância. O que interessou mesmo foi vê-lo chegar, todo sujinho, pequenino, indefeso, pela mão do obstetra e ficar esperando o primeiro som:
"- Será que ele chora? - Pronto! ...Chorou!..Que lindoooo!!"

Só que o tempo passou, ele cresceu (passa rápido, né?) e de repente me deparei com um cara quase duas vezes o meu tamanho, barbado, me acenando com um currículo numa mão e um recibo do primeiro salário na outra, dizendo: - Mãe! Olha, arrumei um emprego e quero morar sozinho!

E enquanto ele corria para o computador para conversar com os amigos sobre seus planos de liberdade - sim, porque o primeiro indício de que seu filho já cortou o cordão muito antes de sair de casa é que os amigos sabem mais sobre ele do que você – corri para a minha fonte inesgotável de conselhos e soluções para as mais diversas aflições: uma livraria.

Primeiro procurei por guias para “mães órfãs de filhos ingratos”, depois por “10 lições básicas que convençam seu filho a nunca sair de casa”, mas a cada nova prateleira só topava com os zombeteiros “assuma logo que seus filhos cresceram!”
Percebi então que não havia nada que aliviasse minha mais nova crise feminina: a de mãe possessiva.

Puxa! Ainda ontem havia um bebê dormindo em meus braços. Dependente, carente e chorava tanto quando me via sair e agora os papéis se invertem e ...
Quem é que ta chorando hein? Ah, tá bem! Assumo. Mas a verdade é que a gente nunca corta de verdade o forte laço deste amor materno.

E foi saboreando um café com Ieda e Charles que um pensamento me tomou de assalto: o desejo de independência do meu filho nada mais era do que um processo natural do ser humano (ó que frase bonita!).
Afinal de contas, eu deveria era estar grata a Deus por ter completado mais uma etapa importante de ser mãe: ver seu bebê se tornar um adulto pronto para encarar as responsabilidades da vida.
Foi pensando assim que ao chegar em casa, ensaiei em frente ao espelho testando a segurança da minha voz até encontrar o tom mais sereno e compreensivo. Depois, repetindo diversas frases de incentivo como: “Vou te apoiar nessa! Que bom que terá seu próprio espaço!”, caminhei decidida para o quarto dele, abri a porta, respirei fundo, segurei seu rosto buscando seus olhos e disse com a mais carente e gaguejante voz: “Você promete me visitar toda semana?”

Ana

terça-feira, 24 de junho de 2008

Pequenos heróis (anônimos)

Estes meninos não são notícias de jornal. Afinal, eles não são celebridades e nem estão metidos em escândalos.

São os pequenos heróis anônimos do dia-a-dia e de uma causa que envolve o amor e também a solidariedade e a criatividade!








Fotos: Marcelo Silveira, da Confraria dos Miados & Latidos.

sábado, 21 de junho de 2008

Estou lendo...

Oi, pessoal

Sou apaixonada por crônicas.
Comprei recentemente As cem melhores crônicas brasileiras. O livro traz crônicas desde 1850 até os anos 2000.



Ler este livro é (re)descobrir a literatura 'perdida' do nosso dia-a-dia. Pois traz textos de Machado de Assis, José de Alencar, Luiz Fernando Verissimo... e vai até Tutty Vasquez! Da pena à internet.

Vale a pena. É uma ótima compra, um ótimo presente!

Bjus, Ieda

Campanha dos 100 anos da ABI

Muito inteligente a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa):

A vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.


Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.



Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.


E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.


A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação. (Agência Africa)

(colaboração de Ana Chagas)