terça-feira, 29 de julho de 2008

Você pensa demais...

por Ana Chagas

"Você pensa demais!", diz a amiga.
"O filho tá crescido."
"O marido tá bem servido."
"O emprego tá garantido."

"Você pensa demais!", diz a irmã.
"O pai melhora a cada manhã."
"A mãe fez torta de maçã."
"O importante é ter toda a família sã."

"Você pensa demais!", diz o filho.
"Tirar notas baixas, é normal."
"Vem escutar esse som LOUD!
"Caraca, mãe! É na moral!”

"Você pensa demais!", diz o tempo.
”Não espero mais teu sorriso.”
"Envelheço teus traços e aviso:
"Vê se perde um pouco de juízo!"

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Discutindo a relação...

por Charles Nascimento

O redator-que-vos-fala é filho único, foi o primeiro neto, primeiro sobrinho, primeiro afilhado, primeiro quase tudo. Tinha boas chances de virar um belíssimo boiolão, segundo crença do imaginário popular. Contrariando sua vocação natural, cresceu heterossexual – um tanto por opção, outro tanto por influência dos mais velhos.

Com o tempo, porém, descobriu que a convivência com o sexo oposto nem sempre é tarefa das mais fáceis. O casamento, na avaliação do redator-que-vos-fala, é resultado da obsessiva compunção do ser humano em contrariar as forças divinas. Se fossemos criados para viver aos pares, seríamos concebidos de dois em dois. E pronto! Assim como não temos asas – portanto não deveríamos nos atrever a voar – não são prudentes as relações estáveis com o sexo oposto. Simples assim!

O problema na esmagadora maioria das vezes deriva do DNA feminino, devido à uma estranha tendência de complicar a vida combinada com uma leve pitada de complexo de inferioridade. Caros amigos do sexo masculino, que insistem ritos do matrimônio, vejam se reconhecem os diálogos abaixo:

Em casa

– Você acha que eu estou bem com essa roupa?
– Está ótima!
– Fala a verdade?
– Estou falando...
– Vou trocar?
– Por que?
– Está muito apertada.
– Então por que você vestiu?
– Por que cabia perfeitamente em mim. Não sei o que ouve? Você acha que eu engordei?
– Não sei, talvez.
– Pode ir sozinho. Não vou mais a porcaria de festa nenhuma?
– Mas o que ouve?
– Você disse que eu estou gorda. Está ironizando.
– Mas eu não disse nada disso...
– Não disse, mas pensou. É muito pior. Você quer que eu vá só para me humilhar na frente daquelas suas amigas galinhas. Fica lá com as suas queridinhas magrinhas. Cuidado porque você vai me trocar elas te colocam um par de chifres na primeira oportunidade.
– Tudo bem! Se você não quer ir, então não vamos mais.
– Por que você não quer que eu vá? Tem alguma coisa lá que eu não possa ver? Para mim chega! Me leva para casa da minha mãe.

No carro

– Em que você está pensando?
– Em nada.
– O que está acontecendo?
– Já disse: nada.
– Acho melhor a gente dar um tempo.
– Tudo bem.
– Eu sabia. Você quer terminar comigo. Já tem outra. Quem é a vagabunda?
– Não disse nada. Foi você que pediu um tempo.
– Pára de correr com essa merda desse carro. Ficou nervoso porque eu descobri suas sacanagens?
– Que sacanagens? Estou exatamente na mesma velocidade. Não estou correndo.
– Por isso que você queria que eu fosse para casa da minha mãe, para ficar na putaria? Vou voltar para a minha casa. Não te darei esse gostinho.

No quarto

– Você já está dormindo?
– Estava. São 3 horas da manhã.
– A gente precisa conversar sério.
– Pode ser de manhã?
– Não!
– Temos que discutir a nossa relação. Você hoje me chamou de gorda. Não quis me levar para festa. Tem vergonha de mim. Me despachou para casa da minha mãe como se eu fosse um objeto só para ficar com aquelas vagabundas. Você acha que está certo? Por que não me contou que tem outra? Pode falar a verdade, prefiro ouvir da sua boca.

Mas lembrem-se: esta obra é um trabalho de pura ficção. Qualquer semelhança com o dia-a-dia é mera coincidência.

sábado, 19 de julho de 2008

Nem só de bunda vive o homem...

por Charles Nascimento

O redator-que-vos-fala é o único representante do sexo masculino a colaborar com esse blog. Por ser minoria, tem que tomar certas precauções ao abordar questões de gênero nesse espaço. Mesmo correndo o risco da execração pública, porém, tomou coragem para escrever sobre um tema bastante em voga em tempos modernos: a importância da bunda no cotidiano brasileiro.

Este texto traz uma opinião que talvez desperte a ira das duas colegas e também idealizadoras do blog - Ana Maria Chagas e Ieda Oliveira. Mas o redator-que-vos-fala resolveu publicá-lo no intuito de ajudar a derrubar um velho mito: a bunda da mulher brasileira não é mais bonita (ou melhor) do que as similares internacionais. É simplesmente mais exibida. Está mais à mostra do público.

O redator-que-vos-fala se deu o trabalho de folhear algumas publicações nacionais (jornais e revistas) e assistiu a programas populares de TV. Embora sem base científica, a breve pesquisa revelou um espaço considerável reservado a matérias direta ou indiretamente ligadas ao tema: Mulher Moranguinho, Mulher Jaca, Mulher Melão, Mulher Melancia, a ex-BBB e por aí vai.... Com auxílio da internet, comparou rapidamente com a cobertura feita por publicações similares de outros países - tablóides sensacionalistas da Inglaterra e dos Estados Unidos, por exemplo.

(Antes de prosseguir com essa explanação, o redator-que-vos-fala abre um parêntese para esclarecer que nada tem contra essa verdadeira salada de fruta de glúteos – ele até gosta. Não é boiola, antes que digam! Mas, a verdade o tributo nacional às nádegas não tem precedentes na história mundial.)

Durante o almoço, na última sexta-feira, Ana Maria divulgou uma informação interessante: uma das principais ruas do Centro do Rio de Janeiro literalmente parou porque uma dessas celebridades instantâneas da vez estava ... acreditem!Fazendo o cabelo em um salão da região. Marmanjos, feito feras no cio, fotografavam e procuraram uma pequena fresta na porta para ver detalhes do corpo escultural – devidamente siliconado, evidente! Mas como não existe no mundo nada tão ruim que não possa piorar, o redator-que-vos-fala deparou com a notícia em dois dos mais respeitados matutinos cariocas.

O saudoso Sargentelli (1924 a 2002) foi um dos primeiros a levar para os veículos de comunicação os ‘atributos físicos’ da mulher brasileira. E abordava a questão da sensualidade com extrema sutileza, se comparado com as estratégias de apelo sexual hoje em prática. Radialista e apresentador de televisão, no período da ditadura militar foi proibido pela censura de apresentar seus polêmicos programas de entrevistas (O preto no branco e Advogado do Diabo). A partir daí mergulhou de cabeça universo do samba, em 1969, época em que abriu sua primeira casa de espetáculos.

O redator-que-vos-fala lembra de uma das últimas entrevistas do "mulatólogo", como ele próprio se autodefinia. Na ocasião, Sargentelli já demonstrava certa dose de cansaço com relação ao festival de bobagem que assolam o país.

Sobre um antigo desejo de resgatar a história da música brasileira, ele respondeu ao entrevistador passou por um árduo trabalho para captar patrocínio. Depois, levou a proposta a um grande jornal. Superada outra via-crúcis, teve que modelar a questão logística (distribuição, modelagem dos fascículos etc). Por fim, chegou o momento de discutir o projeto editorial propriamente dito.

Sargentelli agendou reunião com toda a staff da redação e explicou detalhe por detalhe, exaustivamente. Manifestou ainda o interesse de começar a série de reportagem pela obra de Noel Rosa, no que a jovem e simpática jornalista incumbida da reportagem respondeu de bate pronto: “Ótima idéia, onde é que ele mora?”

O desfecho?
Ele decidiu jogar uma pá de cal sobre a idéia.
Agora, se estiver assistindo a esse festival de bundas e peitos siliconados, deve estar se contorcendo no túmulo. Sua ousadia era fichinha.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

É da natureza humana

por Ana Chagas

Sabe quando a gente fica cansado de tudo e de todos e sente vontade de ir pra bem longe?
Quantas vezes já não arrumamos nossa malinha, mesmo que só na imaginação, pensando em fugir de todas as regras que nos são impostas por toda nossa vida? Primeiro os pais, depois a escola, e ainda a religião, a moda, a carreira...ufa!

Pense bem. De todas as realizações as quais se dedicou desde a infância, quantas delas foram conquistadas por sua própria vontade e quantas conquistou para atender às expectativas dos outros?
O quanto somos realmente livres para deixar tudo pra trás e viver sem obedecer a padronização de felicidade imposta pela sociedade?

Então?.. Já sentiu aquela vontade enorme de chutar o balde, largar tudo e ir pro Alasca?
Pois neste fim de semana conheci a história do jovem Christopher McCandless, cidadão americano nascido em Virgínia, EUA, que fez exatamente isso. Cortou laços com a família, doou 24 mil dólares para caridade e partiu numa aventura viajando sozinho como andarilho até o Alasca.

O filme Na Natureza Selvagem, baseado no livro Into the Wild de Jon Krakauer (1996) conta os detalhes desta jornada onde Christopher, após alterar seu nome para Alexander Supertramp, percorre os EUA, carregando poucos objetos em uma mochila, em busca de comunhão com a natureza. E nesta busca, ele se tomou de um amor tão grande pela vida que foi capaz de distribuí-lo por todos os novos amigos que conheceu pelo caminho e depois se isolar, sem nenhuma crise de solidão.

De início, a disposição do jovem Christopher, tão bem interpretado pelo ator Emile Hirsch (Speed Racer), em seguir seus planos de abandono de uma vida de aparência estável, desperta em nós os sentimentos próprios dos “enquadrados” e pensamos em como ele pôde ser tão egoísta e ter a ousadia de abandonar uma vida tão confortável, tão bem planejada pelos pais, tendo tanto futuro pela frente. Mas ao longo de sua história, vamos deixando cair nossas resistências junto com os poucos bens que ele vai deixando pelo caminho e nos envolvendo com as lindas imagens da natureza repleta de liberdade , sendo embalados pelo som da bela voz de Eddie Vedder (da banda Pearl Jam).

Não vou julgá-lo pela tristeza e preocupação que causou à família, nessa ânsia de fugir de regras e convenções. Muitos de nós precisamos ficar sozinhos de vez em quando seja pra nos conhecer melhor ou pra sentir falta justamente daqueles de que tentamos nos manter afastados.
O ser humano é complexo. Conviver é complexo. Amar é complexo. Liberdade é complexa. Tentar escrever todas as emoções que senti assistindo ao filme é ainda mais complexo.

Deixo a dica e espero que possam comentar comigo depois como se sentiram diante deste jovem que viveu em tão pouco tempo muito mais do que muitos viveram em mais de 80 anos de idade.
E se o final lhe parecer triste, faça como eu. Assista mais de uma vez .

sábado, 12 de julho de 2008

No café da manhã...



Semana passada, reunidos na (famosa) padaria.
Charles, uma amiga nossa, Simone, Ieda e Ana saboreando o cafezinho da manhã e aproveitando para colocar o papo em dia.

Esta foto custou a sair. Nunca estávamos ‘completos’ à mesa: ou faltava o Charles ou faltava a Ana ou faltavam todos! E quando estavam todos... alguém esquecia a bendita da câmera em casa!

Você sabia que...



...uma mulher foi a autora do primeiro romance literário? Murasaki Shibiku, uma japonesa da classe nobre, escreveu no ano 1007 um livro chamado "A história de Genji", contando a história de um príncipe em busca amor e sabedoria.

Murasaki Shibiku foi a autora do primeiro romance literário de todos os tempos. Murasaki Shibiku, cujo o verdadeiro nome se desconhece, nasceu por volta de 978 em Quioto, de família aristocrática. Os poucos dados sobre sua vida acham-se no diário que manteve de 1007 a 1010, um vívido retrato da vida cortesã. É provável que tenha escrito Genji monogatari (História de Genji) entre o ano 1001, quando morreu seu marido, e 1005, quando ingressou no serviço da imperatriz Joto Monin. A tradução de Genji monogatari em 1935 por Arthur Waley é um clássico da literatura inglesa. O diário integra a coletânea Diaries of Court Ladies of Old Japan (1935; Diários de damas da corte do Japão antigo). Murasaki Shikibu morreu em Quioto, por volta de 1014.

Saudades

por Charles Nascimento

Este ano, em dezembro, completará quatro anos que a mãe do escritor-que-vos-fala morreu. Foi um adeus prematuro. Perdeu a luta contra a diabetes aos 58 anos de idade. De herança, além dos princípios éticos e o incessante gosto pela leitura, deixou seu belíssimo acervo literário. Nem tanto pela quantidade, mas pelo conjunto da obra. Em geral, os grandes clássicos.

Fruto de uma geração que se orgulhava de pertencer ao ensino público, ela foi aprovada em três concursos federais – optou pelo sistema Telebrás. Foi ela também quem alfabetizou o escritor-que-vos-fala.

Esses dias, enquanto velhas fotografias amareladas eram remexidas, a imagem da dona Celina ganhou contornos mais nítidos. E veio à lembrança desse redator aquele velho apreço dela pelas letras.

Uma prática muito salutar nos anos 50 e 60, ela contava, eram os cadernos de versos das adolescentes. Segundo a tradição da época, ao final do ano letivo as alunas deixavam mensagens carinhosas umas às outras, ensaiando os primeiros passos no ambiente literário. Ceiça, como era conhecida entre os mais próximos, sempre citava o tal caderno capa dura, que o escritor-que-vos-fala viu apenas duas ou três vezes.

Junto com as lembranças do caderno vieram à tona histórias saborosas sobre a Era do Rádio, dos grandes atores do cinema hollywoodiano, as damas brasileiras do teatro, dos concursos de Miss, as sugestões de livros lidos por ela no passado. Enfim, recortes de período que antecedeu o advento da TV – inaugurada no Brasil em 1950, mas restrita às camadas mais abastadas da sociedade.

Apesar do pouco contato com o tal caderno de versos, escritor-que-vos-fala lembra bem que lá estavam reunidos uns 50 textos. Alguns deles, verdadeiras preciosidades em verso e prosa. Com o devido pedido de desculpa à autora, pois seu nome não ficou registrado da memória, Cafezinho com letras transcreve a primeira estrofe dessa obra-prima do bom humor. Alguns trechos provavelmente jamais sairão da cabeça do escritor-que-vos-fala:


Tirei zero em matemática
Passei raspando em Latim
Jamais gostei de gramática nem ela gosta de mim
Quase tropeço em canto
Português que não tem vez
E vou dizer pra ser franca
Fui reprovada em Inglês

Embora de simplicidade exemplar (e brilhante!, diga-se de passagem), um breve passeio entre aquelas singelas mensagens de fim de ano escritas há meio século e os cadernos atuais mostra o quão empobreceu a cultura brasileira nesse curto intervalo histórico. Além de criativa, a autora do texto acima, que elaborou uma personagem avessa aos estudos, relatou um currículo escolar com matérias como Francês, Latim, Canto...

Sobre a decisão de retirar o latim da grade escolar, aliás, dona Celina jamais viria a se conformar. Entre outros argumentos, dizia não compreender como é possível aprender Português sem os conceitos ao menos básicos da língua mãe. O próprio escritor-que-vos-fala, fruto uma geração mais recente, já foi vítima do empobrecimento da grade curricular nas escolas. E não raras vezes, teve que ir correndo pedir abrigo no colo da mamãe.

Mas essa é uma outra história, que pode ser abordada em próximas oportunidades.

A atual geração já tem muito para contar aos filhos futuramente. Em pauta: os destaques do Big Brother, a poesia reveladas nas letras do Funk, a bunda da mulher melancia e por aí vai.

E como diria o saudoso Raul Seixas, “parem esse mundo que eu quero descer”.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Os livros, sempre eles

por Ana Maria Chagas

Quem me conhece sabe que tenho paixão por livros.
Só não cultivo uma grande biblioteca por falta de espaço.
Na última mudança tive que me desfazer de muitos livros e, apesar de saber que foram parar em boas mãos, a despedida foi dolorosa demais. Mas é como um vício. Substitui os antigos por novos e meu marido costuma dizer que temos mais livros que poeira, porque sempre encontra um em cada canto.
Para organizar, comprei uma estante linda, com portas de vidro e fechadura. Mas não adiantou. Foi só deixar um dia destrancado e saíram de lá pra decorar toda a casa novamente.

Logicamente, sou fã de livrarias.
Pra quem trabalha no centro das grandes cidades, tem algo mais relaxante do que, depois do almoço, entrar numa livraria e ler pequenos trechos de emoção, ciência, filosofia, romance, ficção e tudo mais que nos faça fugir um pouco do stress, enquanto saboreia um gostoso café?

No Centro do Rio de Janeiro, a que acho mais acolhedora é a Livraria da Travessa.
Faço visitas constantes desde 1998, quando ainda no número onze da Travessa do Ouvidor, e haviam sinos presos ao portal anunciando a entrada dos clientes que cruzavam a porta de vidro emoldurada em madeira.

Quando iniciou a modernização, cerca de oito anos atrás, recordo que temi perder este meu refúgio. Mas a decoração continuou acolhedora: paredes revestidas de estantes de cor escura e bancadas dividindo o espaço formando corredores onde circulamos por muitos livros empilhados.
Foram essas bancadas que mais me chamaram a atenção. Em cada uma delas um assunto; em cada pilha de livros, um autor. E nesse redemoinho de cultura, confesso que tenho dificuldade de encontrar sozinha o título que busco, mas aí é que está o charme dessa livraria! Por muitas vezes, não encontrei, mas fui “encontrada” por um enredo maravilhoso, uma poesia ou filosofia em livros que talvez não fossem parar nas minhas mãos de outro modo.
Freqüentando quase que diariamente, fui acompanhando as mudanças que só trouxeram melhoria. Pulou para a loja ao lado, anexou uma papelaria e um café, inseriu mais títulos de cds e dvds e nos brindou com um som ambiente tão confortador que estimula uma boa conversa ou a boa companhia do livro escolhido.

Se a intenção foi acompanhar as tendências do mercado ou se tornar mais competitiva, não sei. Mas foi tão cuidadosa em preservar seu estilo antigo que nos acostumamos com as novidades sem sentir.
Agora, além de ir lá para mergulhar no universo maravilhoso da leitura, estou adquirindo aos poucos o hábito (não tão freqüente como gostaria) de me sentar numa mesinha, pedir um café e escrever. Este texto, inclusive.

sábado, 5 de julho de 2008

Besta cibernética... e daí?

por Charles Nascimento

Recentemente tivemos a idéia de criar este blog, e eu vou utilizar o espaço do 1º artigo para justificar minha longa ausência, antes mesmo de ter estreado. Aliás, se alguém está perdendo seu precioso tempo para ler essas mal traçadas linhas, é devido à caridade da coleguinha Ieda Oliveira – que junto com a Ana Maria completam a equipe.

Explico: quando eu ingressei na faculdade de jornalismo, em 1991, as redações dos grandes jornais estavam sendo viradas de ponta-cabeça. A boa e velha máquina de escrever, companheira de décadas de alguns dos maiores escritores desse país, cedia espaço para o computador. A novidade tomava as grandes redações de assalto e “o barulho das maquinetas com a obsolescência anunciada foram substituídas pelo computador”.

Como em todo processo de mudança, houve resistência...
Mas, o avanço tecnológico e o progresso venceram. A conseqüência? Quem não entrou na era digital perdeu o bonde da história. Ou melhor, do emprego. E foi sumariamente banido do mercado de trabalho até que ingressasse no universo digital.
À época, no auge dos seus 20 anos, o redator-que-vos-fala não entendia a justificativa para tanta resistência. O escritor Luis Fernando Verissimo em seu livro de crônicas O suicida e o computador (1992), com rara maestria foi um dos que melhor resumiu o sentimento do autor atônito diante da nova realidade anunciada. Senão, vejamos:

“Desta vez não se levantou (autor). Ficou olhando para a tela, pensando. Depois acrescentou: É claro que o computador agravou a agonia. Talvez uma nota de suicida definitiva só possa ser manuscrita ou datilografada à moda antiga, quando o medo de borrar o papel com correções e deixar uma impressão de desleixo para a posteridade leva o autor a ser preciso e sucinto. Tese: é impossível escrever uma nota de suicida num computador.
Era isso ? Ele releu o que tinha escrito. Apagou o segundo ‘no fundo’. Era isso. Por via das dúvidas, guardou o texto na memória do computador. No dia seguinte o revisaria.
E foi dormir.”


Pois bem! Quinze anos depois, em pleno século 21, muita coisa evoluiu no ambiente do ‘informatquez’, exceto uma: a aversão de algumas pessoas por essas geringonças. À medida que foram surgindo inúmeras novas tecnologias, aquele operador versátil de outrora também ficou obsoleto. É isso mesmo! O redator-que-vos-fala não tem vergonha de assumir: “Hoje sou uma besta cibernética.”

E o que mais contribuiu para isso foi a internet e seu festival de besteira que assolam o planeta (mas esse será foco de um novo texto).
A internet discada já não atendia mais às necessidades do mundo moderno. Depois de uma longa exaustiva pesquisa (e muita renitência) e redator-que-vos-fala descobriu que as várias opções de banda larga disponíveis no mercado não são tão variadas assim. Ora falta viabilidade técnica, ora as operadoras impõem venda casada, etc.
Depois de uma exaustiva consulta, em 19 de julho o inocente redator-que-vos-fala finalmente optou por uma das empresas. Foi ‘orientado’ a adquirir um provedor banda larga e o modem. Concluída nova pesquisa(e não menos desgastante), escolheu o provedor de sua preferência.
Para grata surpresa, o modem foi entregue em dois dias (a previsão era sete) e a linha, habilitada em cinco. Como os atuais programas são auto-explicativos, a instalação ocorreu naturalmente, certo?
Errado! Aí é que começa de verdade a peregrinação! Vem daí a motivação da minha ausência no blog. O serviço nunca funcionou desde a instalação e a previsão de normalização é somente em 15 de julho. Após inúmeros telefonemas, que nunca tem duração menor que 30 minutos, fui informado de um suposto problema gravíssimo na estação. Mas por que cargas d’água não me informaram isso antes de vender o produto?
O redator-que-vos-fala ainda não decidiu quais serão tomadas – provavelmente será uma longa história. Mas a conclusão que se chega é simples: a informática surgiu para trazer-nos problemas que não tínhamos antes. Alguém tem uma maquininha de escrever e um fax para emprestar?

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Paraty com letras


Marcos Tristão

Paraty está em (mais uma) festa: começa a partir de hoje a sexta edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty. Diversos escritores e cineastas estarão na cidade para lançamentos dos seus trabalhos.

Entre os convidados mais aguardados está o autor e quadrinista inglês Neil Gaiman (lembram de Stardust?) que se apresenta no sábado.

O homenageado desta edição é o escritor Machado de Assis, ano em que se celebra o centenário de sua morte.

Reza a lenda que a cidade recebe por volta de 25.000 visitantes neste período. Hospedagem é um sonho impossível nesta época. Segundo alguns proprietários de pousadas, o povo interessado reserva vaga um ano antes!

Mas para passar uma tarde, ao menos para conhecer a Feira, vale a pena a ida até Paraty... uma das cidades mais badalada (e histórica) do Brasil, quiçá do mundo!

Fica então uma dica de passeio (duplo) à cidade Paraty! :o)

Ieda