sexta-feira, 11 de julho de 2008

Os livros, sempre eles

por Ana Maria Chagas

Quem me conhece sabe que tenho paixão por livros.
Só não cultivo uma grande biblioteca por falta de espaço.
Na última mudança tive que me desfazer de muitos livros e, apesar de saber que foram parar em boas mãos, a despedida foi dolorosa demais. Mas é como um vício. Substitui os antigos por novos e meu marido costuma dizer que temos mais livros que poeira, porque sempre encontra um em cada canto.
Para organizar, comprei uma estante linda, com portas de vidro e fechadura. Mas não adiantou. Foi só deixar um dia destrancado e saíram de lá pra decorar toda a casa novamente.

Logicamente, sou fã de livrarias.
Pra quem trabalha no centro das grandes cidades, tem algo mais relaxante do que, depois do almoço, entrar numa livraria e ler pequenos trechos de emoção, ciência, filosofia, romance, ficção e tudo mais que nos faça fugir um pouco do stress, enquanto saboreia um gostoso café?

No Centro do Rio de Janeiro, a que acho mais acolhedora é a Livraria da Travessa.
Faço visitas constantes desde 1998, quando ainda no número onze da Travessa do Ouvidor, e haviam sinos presos ao portal anunciando a entrada dos clientes que cruzavam a porta de vidro emoldurada em madeira.

Quando iniciou a modernização, cerca de oito anos atrás, recordo que temi perder este meu refúgio. Mas a decoração continuou acolhedora: paredes revestidas de estantes de cor escura e bancadas dividindo o espaço formando corredores onde circulamos por muitos livros empilhados.
Foram essas bancadas que mais me chamaram a atenção. Em cada uma delas um assunto; em cada pilha de livros, um autor. E nesse redemoinho de cultura, confesso que tenho dificuldade de encontrar sozinha o título que busco, mas aí é que está o charme dessa livraria! Por muitas vezes, não encontrei, mas fui “encontrada” por um enredo maravilhoso, uma poesia ou filosofia em livros que talvez não fossem parar nas minhas mãos de outro modo.
Freqüentando quase que diariamente, fui acompanhando as mudanças que só trouxeram melhoria. Pulou para a loja ao lado, anexou uma papelaria e um café, inseriu mais títulos de cds e dvds e nos brindou com um som ambiente tão confortador que estimula uma boa conversa ou a boa companhia do livro escolhido.

Se a intenção foi acompanhar as tendências do mercado ou se tornar mais competitiva, não sei. Mas foi tão cuidadosa em preservar seu estilo antigo que nos acostumamos com as novidades sem sentir.
Agora, além de ir lá para mergulhar no universo maravilhoso da leitura, estou adquirindo aos poucos o hábito (não tão freqüente como gostaria) de me sentar numa mesinha, pedir um café e escrever. Este texto, inclusive.

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