segunda-feira, 14 de julho de 2008

É da natureza humana

por Ana Chagas

Sabe quando a gente fica cansado de tudo e de todos e sente vontade de ir pra bem longe?
Quantas vezes já não arrumamos nossa malinha, mesmo que só na imaginação, pensando em fugir de todas as regras que nos são impostas por toda nossa vida? Primeiro os pais, depois a escola, e ainda a religião, a moda, a carreira...ufa!

Pense bem. De todas as realizações as quais se dedicou desde a infância, quantas delas foram conquistadas por sua própria vontade e quantas conquistou para atender às expectativas dos outros?
O quanto somos realmente livres para deixar tudo pra trás e viver sem obedecer a padronização de felicidade imposta pela sociedade?

Então?.. Já sentiu aquela vontade enorme de chutar o balde, largar tudo e ir pro Alasca?
Pois neste fim de semana conheci a história do jovem Christopher McCandless, cidadão americano nascido em Virgínia, EUA, que fez exatamente isso. Cortou laços com a família, doou 24 mil dólares para caridade e partiu numa aventura viajando sozinho como andarilho até o Alasca.

O filme Na Natureza Selvagem, baseado no livro Into the Wild de Jon Krakauer (1996) conta os detalhes desta jornada onde Christopher, após alterar seu nome para Alexander Supertramp, percorre os EUA, carregando poucos objetos em uma mochila, em busca de comunhão com a natureza. E nesta busca, ele se tomou de um amor tão grande pela vida que foi capaz de distribuí-lo por todos os novos amigos que conheceu pelo caminho e depois se isolar, sem nenhuma crise de solidão.

De início, a disposição do jovem Christopher, tão bem interpretado pelo ator Emile Hirsch (Speed Racer), em seguir seus planos de abandono de uma vida de aparência estável, desperta em nós os sentimentos próprios dos “enquadrados” e pensamos em como ele pôde ser tão egoísta e ter a ousadia de abandonar uma vida tão confortável, tão bem planejada pelos pais, tendo tanto futuro pela frente. Mas ao longo de sua história, vamos deixando cair nossas resistências junto com os poucos bens que ele vai deixando pelo caminho e nos envolvendo com as lindas imagens da natureza repleta de liberdade , sendo embalados pelo som da bela voz de Eddie Vedder (da banda Pearl Jam).

Não vou julgá-lo pela tristeza e preocupação que causou à família, nessa ânsia de fugir de regras e convenções. Muitos de nós precisamos ficar sozinhos de vez em quando seja pra nos conhecer melhor ou pra sentir falta justamente daqueles de que tentamos nos manter afastados.
O ser humano é complexo. Conviver é complexo. Amar é complexo. Liberdade é complexa. Tentar escrever todas as emoções que senti assistindo ao filme é ainda mais complexo.

Deixo a dica e espero que possam comentar comigo depois como se sentiram diante deste jovem que viveu em tão pouco tempo muito mais do que muitos viveram em mais de 80 anos de idade.
E se o final lhe parecer triste, faça como eu. Assista mais de uma vez .

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