sábado, 5 de julho de 2008

Besta cibernética... e daí?

por Charles Nascimento

Recentemente tivemos a idéia de criar este blog, e eu vou utilizar o espaço do 1º artigo para justificar minha longa ausência, antes mesmo de ter estreado. Aliás, se alguém está perdendo seu precioso tempo para ler essas mal traçadas linhas, é devido à caridade da coleguinha Ieda Oliveira – que junto com a Ana Maria completam a equipe.

Explico: quando eu ingressei na faculdade de jornalismo, em 1991, as redações dos grandes jornais estavam sendo viradas de ponta-cabeça. A boa e velha máquina de escrever, companheira de décadas de alguns dos maiores escritores desse país, cedia espaço para o computador. A novidade tomava as grandes redações de assalto e “o barulho das maquinetas com a obsolescência anunciada foram substituídas pelo computador”.

Como em todo processo de mudança, houve resistência...
Mas, o avanço tecnológico e o progresso venceram. A conseqüência? Quem não entrou na era digital perdeu o bonde da história. Ou melhor, do emprego. E foi sumariamente banido do mercado de trabalho até que ingressasse no universo digital.
À época, no auge dos seus 20 anos, o redator-que-vos-fala não entendia a justificativa para tanta resistência. O escritor Luis Fernando Verissimo em seu livro de crônicas O suicida e o computador (1992), com rara maestria foi um dos que melhor resumiu o sentimento do autor atônito diante da nova realidade anunciada. Senão, vejamos:

“Desta vez não se levantou (autor). Ficou olhando para a tela, pensando. Depois acrescentou: É claro que o computador agravou a agonia. Talvez uma nota de suicida definitiva só possa ser manuscrita ou datilografada à moda antiga, quando o medo de borrar o papel com correções e deixar uma impressão de desleixo para a posteridade leva o autor a ser preciso e sucinto. Tese: é impossível escrever uma nota de suicida num computador.
Era isso ? Ele releu o que tinha escrito. Apagou o segundo ‘no fundo’. Era isso. Por via das dúvidas, guardou o texto na memória do computador. No dia seguinte o revisaria.
E foi dormir.”


Pois bem! Quinze anos depois, em pleno século 21, muita coisa evoluiu no ambiente do ‘informatquez’, exceto uma: a aversão de algumas pessoas por essas geringonças. À medida que foram surgindo inúmeras novas tecnologias, aquele operador versátil de outrora também ficou obsoleto. É isso mesmo! O redator-que-vos-fala não tem vergonha de assumir: “Hoje sou uma besta cibernética.”

E o que mais contribuiu para isso foi a internet e seu festival de besteira que assolam o planeta (mas esse será foco de um novo texto).
A internet discada já não atendia mais às necessidades do mundo moderno. Depois de uma longa exaustiva pesquisa (e muita renitência) e redator-que-vos-fala descobriu que as várias opções de banda larga disponíveis no mercado não são tão variadas assim. Ora falta viabilidade técnica, ora as operadoras impõem venda casada, etc.
Depois de uma exaustiva consulta, em 19 de julho o inocente redator-que-vos-fala finalmente optou por uma das empresas. Foi ‘orientado’ a adquirir um provedor banda larga e o modem. Concluída nova pesquisa(e não menos desgastante), escolheu o provedor de sua preferência.
Para grata surpresa, o modem foi entregue em dois dias (a previsão era sete) e a linha, habilitada em cinco. Como os atuais programas são auto-explicativos, a instalação ocorreu naturalmente, certo?
Errado! Aí é que começa de verdade a peregrinação! Vem daí a motivação da minha ausência no blog. O serviço nunca funcionou desde a instalação e a previsão de normalização é somente em 15 de julho. Após inúmeros telefonemas, que nunca tem duração menor que 30 minutos, fui informado de um suposto problema gravíssimo na estação. Mas por que cargas d’água não me informaram isso antes de vender o produto?
O redator-que-vos-fala ainda não decidiu quais serão tomadas – provavelmente será uma longa história. Mas a conclusão que se chega é simples: a informática surgiu para trazer-nos problemas que não tínhamos antes. Alguém tem uma maquininha de escrever e um fax para emprestar?

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