sábado, 15 de maio de 2010

Abram seus horizontes...


Por Ana Maria Chagas

Deve ser por causa da idade ou por começar a assistir as aventuras do filho nos primeiros vôos rumo a independência financeira, mas comecei a olhar mais para quem eu sou e como tem sido a minha vida profissional até agora e não gostei nada do que vi.
Então decidi que devia fazer alguma coisa e quis mudar.
Procurar algo com o qual tenha realmente afinidade e que goste de fazer.
Senti saudade da época em que atuava na área de Recursos Humanos e decidi voltar.
Atualizei o currículo e pensei em começar a busca pela Internet.

Depois de muito navegar pelos mares das agências de emprego, sites de relaciomento, contatos diversos, sites de empregos,etc, cheguei a uma conclusão, não de todo triste porque estou empregada mas que seria alarmante se não estivesse: não estou fora do mercado só por causa da idade; estou fora do mercado por estar totalm
ente despreparada.

Não sei se existem casos parecidos como o meu por aí, mas a verdade é que me acomodei por causa da segurança (aparente talvez) e dos benefícios oferecidos.
Além de me acomodar, acho que andei meio míope porque durante estes anos dentro da mesma empresa, pensando que realmente estava cooperando, investi muito tempo em projetos internos que não foram adiante por questões políticas ou pelos quais não ganhei nenhum mérito e, conseqüentemente, não me trouxeram nenhum retorno.

Posso até entender hoje a geração Y, porque tivesse eu me preocupado mais com a carreira, talvez pudesse hoje ter um currículo muito mais atraente.
Cumprindo fielmente as metas traçadas pela organização, dirigi meu comportamento para obedecer todas as regras, trabalhar mais do o esperado, abrir mão de interesses pessoais, para no final das contas receber aumentos e bônus muitas vezes insignificantes.
Bônus este cujo medidor, na maioria das vezes, é a quantidade de metas que você deixou de cumprir, porque o orçamento é muito baixo e não dá pra premiar todo mundo e assim fica fácil saber quem não irá ganhar.
Neste caso não importam os fatores impeditivos - internos ou externos - para que se cumprisse as metas.
Enfim, você é avaliado pelo planejamento orçamentário.

Lembro de uma vez, logo que conclui a universidade, um funcionário antigo me disse: "Minha filha, não fica aqui não...abra seus horizontes".
Ouvi paciente, mas no fundo pensei: "Nossa, mas de jeito nenhum eu vou sair. Uma empresa grande, com tantos benefícios e eu tenho tanto a contribuir aqui...."
Pois foi uma grande ilusão que a gente se deixa levar até porque existe a preocupação financeira em relação à família.
Os filhos, principalmente, são os que sempre nos fazem manter os pés bem presos ao chão.
Mas o tempo passa...
Até que chega um dia que você abre os olhos, ou começa a usar óculos multifocais, e começa a questionar o trabalho.
Vê o quanto contribuiu e continua contribuindo e cobra um retorno que nunca vem.
E por passar a cobrar, passamos a desmotivados, cansativos, etc.
Já não recorrem mais à suas idéias, não porque são antiquadas, mas porque você vai perguntar o que ganhará por elas.
Então, todos os olhos se voltam para os jovens recém-contratados, que chegam altamente confiantes, cheios de idéias, sorridentes e prontos para agradar.
Ao meu redor estão muitos.
Têm muito a contribuir com seus diplomas de pós graduação e mestrado e tempo de sobra para ficar até muito depois do horário de trabalho. Nunca questionam nada porque sabem que primeiro é preciso mostrar todo seu potencial.

Bem...
Só posso dizer que, hoje, quem bate nos ombros desses meninos(as) e diz: “Filhos(as)...abram seus horizontes...”, sou eu.

Nenhum comentário: