sábado, 6 de dezembro de 2008

Sonho. Sonhei

por Humberto Carneiro

Sonhei que era verdade, pensei em construirmos juntos muita coisa.
Construímos uma árvore de Natal. Ficou linda como ela, como o seu sorriso e a sua alegria.
Sonhei que ensinaria a dirigir. Ia ser muito divertido. Os erros seriam motivo de muitas alegrias e os acertos com certeza estímulos. Faria junto com ela vários testes simulados no computador para prepará-la a enfrentar o exame do DETRAN. Enfim tiraria a carteira de motorista. Iria dirigir e me ajudar quando necessário. Ia aprender a dirigir até carrinho de Supermercado... haha.
Sonhei que muitas vezes iria vê-la comer uma alcatra para dois e depois tomar sorvete. Íamos rir muito juntos.
Sonhei que faríamos muitas coisas. Iria ver um agradecimento e a preocupação com os gastos e ver nossos olhares lacrimejar entendendo que foi Deus que nos colocou próximo naquele momento.
Não pude dar a ela o Panetone que comprei e que estava na mala do carro. Ela desceu e disse que não disse. Só consegui vê-la andando com seu cabelo ‘pedra lascada’... haha. Não deu nem para tomar um café. Ela se foi. Voltará?

O telefone tilintou, pensei que fosse ela, o coração bateu mais forte. Atendi. Não era. Voltei decepcionado. Com o tempo me acostumo.

Sonhei que iria a Paraty. Ela iria gostar muito. Faríamos um passeio de barco. Visitaríamos lugares históricos. Poderia ir a Belo Horizonte. Ela ficaria com a família e eu iria a Savassi lembrar tempos passados. Depois voltaríamos juntos.
Sonhei mostrar Porto Seguro e adjacências. Ia amar. Voltaria sempre alegre com seu sorriso.
Poderia levá-la ao trabalho todos os dias e aproveitaria para dar uma volta na Lagoa e manter minha forma.
Sonhei que iria a Búzios e muitos outros lugares conviver com a alegria. Petrópolis e o Museu Imperial. Onde pudesse, levaria o sorriso dela.
Sonhei ver a alegria com o presente na árvore de Natal. Seríamos alegres.
Sonhei um dia morar junto.
Agora resta desconstruir a árvore de Natal em janeiro, desta vez sem o sorriso dela. Vou sentir muitas saudades. Difícil será desconstruir o amor que cresceu rapidamente.

(Humberto Carneiro nasceu em Curitiba e se formou em engenharia mecânica na Uerj.
É artista plástico e produz (muitos) contos nas horas vagas. Contista convidado para estreiar a nossa coluna Autor Convidado)

6 comentários:

Gilberto disse...

Muito bom !! bem vindo aos novos talentos de 2009 .

Anônimo disse...

Nossaa!eu amei,muito bem escrito!você tem o talento de com suas palavras mecher com os sentimentos!=)

Anônimo disse...

Olá Humberto
Gostei muito do seu texto, pois contos curtos me agradam, já que muitas vezes se confundem com a crônica.
Esta noite eu estava lendo um conto do Moacyr Scliar intitulado “Os Contistas”. Scliar fala sobre um encontro de contistas onde cada um fala de suas dificuldades de escolher temas, forma de escrita etc.
E você com esta facilidade de escrever...
Abraços
Teócrito Abritta

Anônimo disse...

Seu bom humor é o seu melhor! Um beijo carinhoso e parabéns pelo conto.
"A podadora".

Madame Poison disse...

Um recanto interessante...

LC disse...

ui...
esse é daqueles texto que se lê com apertinho no peito.
DELICIA (rs)